Antônio Medeiros

Como escolher um bom computador para comprar?

Começou a Black Friday! Muitos consumidores anseiam pela oportunidade de fazer um bom negócio e adquirir um bom computador com excelente custo benefício. No entanto, como escolher o melhor dentre tantos anúncios aparentemente interessantes? Será que o barato de hoje pode custar caro amanhã?

Reuni aqui algumas dicas que sempre passo a quem me pergunta o que avaliar na hora de comprar um computador. Espero que possam ser úteis para você que visita esta página. Se discordar de algo ou tiver alguma dica a acrescentar, não deixe de comentar!

1. Defina o que deseja

O primeiro passo e o mais importante, pois vai influenciar em toda a avaliação, é definir o que você deseja comprar, o que você espera do seu futuro computador.

O que farei com meu computador?

Você não precisa comprar um computador com grande poder computacional, que geralmente é mais caro, se não pretende utilizá-lo para algo realmente complexo. A intenção é avaliar a relação entre custo e benefício.

A que me refiro quando falo em “algo complexo”? Para um computador doméstico, jogos, por exemplo, são atividades complexas: exigem que o computador faça muitos cálculos e processe muitas regras ao mesmo tempo. Além disso, ele deve responder rapidamente (de preferência, em tempo real) aos comandos de quem joga. Se você deseja um computador para jogar, especialmente se está de olho nos últimos lançamentos em jogos (os jogos “pesados”), se prepare para desembolsar uma boa grana.

Jogos geralmente exigem do computador

Jogos geralmente exigem do computador

Também poderia citar como exemplos de atividades complexas, que exigem muito do computador: produção de conteúdo multimídia (edição de sons, fotos e vídeos) e programação (desenvolvimento de aplicativos e sites).

Do outro lado, existem as atividades “leves”, que não exigem muito do computador. Dessas qualquer computador dá conta. Felizmente, são também as mais comuns. São exemplos de atividades leves: navegar pela Internet, usar aplicativos de escritório (a exemplo do Microsoft Office ou do LibreOffice), ouvir músicas, assistir a vídeos e filmes (se não forem am alta resolução). Se seu uso diário se restringe a essas atividades, não precisará gastar tanto para adquirir um bom computador que satisfaça as suas necessidades.

Computador de mesa (desktop) ou notebook?

Os notebooks tem se mostrado bastante atraentes devido às suas facilidades: podem ser usados em qualquer lugar (na sala, no quarto, na mesa, no sofá, na cama), podem ser transportados e usados na rua, não ocupam tanto espaço e não possuem tantos fios. Parecem casar com a palavra praticidade.

No entanto, vale observar que eles também apresentam inconvenientes: geralmente, possuem menos poder computacional que um computador de mesa do mesmo preço (devido ao tamanho menor e à preocupação em fazer a bateria durar). Além disso, sua manutenção e atualização (trocar componentes por outros melhores) também são mais difíceis. Também não são ergonômicos, sendo menos apropriados que o computador de mesa para uso por várias horas diárias.

Avalie suas prioridades. Se for comprar um notebook, se imagine utilizando-o por um bom tempo sem atualizá-lo. Um bom notebook pode durar de 2 a 5 anos (ou ainda mais). Quando começar a sentir seu notebook lento, muito provavelmente trocá-lo por outro novo terá um melhor custo benefício do que trocar alguma peça.

Será que é melhor um tablet ou smartphone?

Se você tem dificuldade em usar computadores, talvez um tablet ou smartphone seja uma melhor opção: eles já servem para as atividades mais corriqueiras que citei acima, oferecem melhor usabilidade e, a depender do aparelho, ainda podem ser usados para fazer ligações ou conectar à Internet móvel 3G ou 4G!

Note que, em geral, os tablets e smartphones requerem menos poder computacional que os computadores de mesa e os notebooks para realizar suas atividades corriqueiras e, por isso, são mais baratos. No entanto, tablets e smartphones que aguentam atividades mais pesadas (jogos mais sofisticados ou filmagens em alta resolução, por exemplo) são mais caros.

2. Processador

Começarei a falar agora sobre como avaliar os componentes do computador. Se algo aqui não é familiar, recomendo que leia um post meu que fala sobre esses componentes. Se prepare para aprender mais algumas coisas.

Como sabemos, o processador é o principal componente de um computador. Não apenas o principal, ele é também o mais rápido. Assim, ele é o maior (porém não o único) responsável pelo desempenho do computador. Não podemos esperar muito de um computador se seu processador é lento.

Processador: o componente do computador que mais influencia no seu desempenho

Processador: o componente do computador que mais influencia no seu desempenho

Há várias características que influenciam o desempenho de um processador, mas, para simplificar, vamos nos ater às que mais aparecem nos anúncios: frequência de operação, memória cache e quantidade de núcleos.

Frequência de operação

A frequência de operação (o termo em inglês talvez seja mais conhecido: clock) determina quantas operações o processador é capaz de realizar em uma unidade de tempo. Ela pode ser entendida como a velocidade em que o processador funciona. A frequência dos processadores atuais é medida em gigahertz (GHz), que significa bilhões de ciclos por segundo. Um processador que opera a 1GHz, por exemplo, é capaz de realizar 1 bilhão de operações por segundo. Outro processador que opera a 2GHz tende a ser duas vezes mais rápido que esse de 1GHz.

Um processador com maior frequência de operação pode fazer mais coisas simultaneamente. Isso significa que ele é capaz de executar mais programas ao mesmo tempo, ou executar um programa “pesado” com mais tranquilidade.

Memória cache

A memória cache é uma memória que existe dentro do processador. Ela apresenta uma capacidade menor, porém é ainda mais rápida que a memória RAM. Se pudéssemos comparar um processador a uma pessoa trabalhando em um escritório, a memória RAM seria sua mesa de trabalho, enquanto a memória cache seria sua memória de curto prazo, dentro da sua cabeça.

A capacidade da memória cache determina a quantidade de dados que ela pode armazenar. Nos computadores atuais, as memórias cache geralmente são capazes de armazenar alguns megabytes (MB), que equivalem a milhões de bytes (unidade mínima de informação). Uma memória de 3MB armazena mais informações que outra de 2MB, por exemplo.

Alguns anúncios informam a capacidade da memória cache do processador. Se o anúncio não fala sobre a memória cache, experimente procurar as especificações técnicas do processador na Internet pesquisando pelo seu modelo. O processador Intel Core i5 5200U, por exemplo, apresenta memória cache de 3MB.

Um processador com maior memória cache precisa usar menos a memória RAM. Portanto, tende a ser um processador mais rápido, já que a memória cache é mais rápida que a memória RAM.

Núcleos de processamento

Antigamente, uma forma de aumentar o desempenho de um computador era instalar dois ou mais processadores na placa-mãe, caso ela oferecesse essa possibilidade. Com a evolução da nanotecnologia, uma alternativa mais barata, mas igualmente eficiente: os núcleos de processamento (cores), que apresentam todos os componentes de um processador.

Um processador comum é considerado um processador de apenas um núcleo (single core). Um processador com dois núcleos (dual core) apresenta todos os seus componentes duplicados. Na prática, equivale a dois processadores. Há também os computadores com quatro núcleos (quad core).

Processadores com mais núcleos tendem a ser mais rápidos que outros com menos núcleos.

Devo fazer uma observação quanto ao processador Celeron, da Intel, que possui fama de “processador defeituoso reaproveitado”. Não recomendo a compra de computadores com processadores dessa linha, pois, apesar de serem mais baratos, não apresentam desempenho satisfatório. Todos os demais processadores dessa fabricante, assim como os fabricados pela AMD, são bons.

3. Memória

Um computador apresenta, na verdade, vários tipos de memória, que diferem em termos de localização, capacidade e custo. Quando os anúncios usam apenas a palavra memória, eles se referem especificamente à memória principal ou memória RAM.

Memória RAM

Memória RAM

A característica da memória RAM que mais contribui para o desempenho do computador é a sua capacidade. Nos computadores atuais, as memórias RAM geralmente são capazes de armazenar alguns gigabytes (GB), que equivalem a bilhões de bytes (1GB = 1000MB). Uma memória de 4GB armazena mais informações que outra de 2GB, por exemplo.

Quando o computador utiliza toda a memória RAM e ainda precisa de mais memória, ele transfere parte dos dados que não está usando (por exemplo, um programa minimizado) para o disco rígido, para liberar espaço na memória RAM (esse processo é conhecido por swap). Depois, ele pode fazer novas trocas de dados entre a memória RAM e o disco rígido, à medida em que uns dados se tornam necessários e outros não. Essas trocas tornam o computador mais lento, pois consomem tempo do processador (que poderia ser melhor aproveitado) e o disco rígido é bem mais lento que a memória RAM. O ideal é que o computador tenha memória RAM suficiente para não precisar fazer essas trocas com frequência.

Um computador com mais memória RAM pode fazer mais coisas ao mesmo tempo. Isso significa que ele é capaz de executar mais programas ao mesmo tempo, ou executar um programa “pesado” com mais tranquilidade.

Atualmente, 2GB de memória RAM é a capacidade mínima aceitável. Se quiser usar o computador com conforto, escolha um modelo com capacidade igual ou superior a 4GB.

4. Disco rígido

O disco rígido (do inglês hard disk, HD) é um tipo de memória secundária, que armazena dados a longo prazo. Usando mais uma vez a analogia do escritório, poderia ser comparado à prateleira do processador.

A principal característica do HD a ser avaliada ao comparar ofertas é a sua capacidade. Nos computadores atuais, os HDs geralmente são capazes de armazenar vários gigabytes (GB) a alguns terabytes (TB), que equivalem a trilhões de bytes (1TB = 1000GB). Um HD de 500GB, por exemplo, armazena mais informações do que outro de 250GB, mas tem capacidade menor do que um HD de 1TB.

Um HD com capacidade maior armazena mais dados. Em geral, qualquer HD ofertado é suficiente para armazenar o sistema operacional, os programas e os arquivos pessoais. Claro que quanto maior a capacidade, melhor, isso significa mais programas (ou programas maiores), mais documentos, fotos, músicas, vídeos, etc. No entanto, nem sempre compensa pagar mais caro por um HD com mais capacidade.

Se por economia de espaço o anúncio traz as capacidades da memória RAM e do HD e não explica qual é qual, de certeza a capacidade do HD é a maior. Exemplo: em um anúncio que diz “notebook com 4GB, 500GB”, 4GB se refere à memória RAM e 500GB, ao HD.

Em termos de desempenho, o HD não afeta tanto o desempenho do computador quanto o processador ou a memória RAM. Você pode tornar o computador mais rápido removendo do HD programas e arquivos desnecessários.

Se alto desempenho para você é uma prioridade, talvez seja mais interessante um computador com disco de estado sólido (do inglês solid state drive, SSD) do que um computador com disco rígido. Os SSDs são fabricados com tecnologia semelhante à dos pendrives e cartões de memória e são muito mais rápidos do que os tradicionais HDs, no entanto apresentam menor capacidade e tendem a ser mais caros.

Um disco rígido e um disco de estado sólido por dentro

Um disco rígido e um disco de estado sólido por dentro

5. Conexões disponíveis

Analise as conexões que o computador disponibiliza. Elas determinam quantos e quais dispositivos você pode utilizar junto com o computador. Isso é especialmente importante se você deseja comprar um notebook, já que geralmente não é possível adicionar recursos a esse tipo de computador. Vejamos alguns exemplos.

Um notebook com duas portas USB permite a você conectar ao mesmo tempo um mouse e uma impressora ou um pendrive e um celular, mas nunca os quatro ao mesmo tempo, o que seria possível em um notebook com quatro portas USB. As extensões USB (hubs) podem ajudar se as portas USB do notebook não são suficientes, mas nem todos os dispositivos USB funcionam bem quando conectados a extensões.

Não queira depender de uma extensão USB: nem todos os dispositivos funcionam bem com ela

Não queira depender de uma extensão USB: nem todos os dispositivos funcionam bem com ela

Geralmente, os notebooks disponibilizam saídas de vídeo para conexão com projetores (datashows). O padrão mais recente é o HDMI, o mesmo usado nas TVs digitais e reprodutores de Blu-ray, mas há também o padrão VGA, que existe há mais tempo. Há notebooks que disponibilizam esses dois tipos de saída de vídeo, permitindo a conexão com uma variedade maior de projetores.

Se você pretende usar Bluetooth, é melhor comprar um notebook que já ofereça essa conexão. Adaptadores externos são mais baratos, mas não apresentam o mesmo desempenho e nem sempre funcionam bem.

O notebook Acer Aspire E5-571-52ZK, por exemplo, disponibiliza 1 porta USB 3.0, 2 portas USB 2.0, 1 saída de vídeo HDMI, 1 saída de vídeo VGA, 1 porta de rede padrão RJ45, leitor de cartão de memória, saída para fone de ouvido, entrada para microfone, conexão Wi-Fi e Bluetooth. É um notebook bastante versátil.

Conexões na lateral do notebook Acer Aspire E5-571-52ZK

Conexões na lateral do notebook Acer Aspire E5-571-52ZK

6. Software: sistema operacional e aplicativos

É importante verificar qual software é fornecido pelo fabricante junto com o computador. No mínimo, o computador deve vir com um sistema operacional já instalado de fábrica e alguma forma de recuperá-lo em caso de pane (um DVD de recuperação, por exemplo) ou com os drivers dos componentes, que permitirão a configuração do sistema operacional, caso este deva ser instalado à parte.

No entanto, não recomendo que os programas de fábrica sejam um fator decisivo na hora da compra, pois eles podem ser baixados ou adquiridos separadamente. É comum computadores virem de fábrica com vários programas já instalados, em sua maioria demonstrações gratuitas de programas cujas versões completas são pagas.

Se você possui uma mídia de instalação e uma licença do sistema operacional que deseja utilizar, verifique a possibilidade de comprar o computador sem o sistema operacional para instalar você mesmo. Isso reduz o custo do computador. Também são mais baratos computadores com o sistema operacional Linux, que também pode ser obtido gratuitamente pela Internet.

7. Reputação da fabricante e da loja

Para algumas coisas, marca pode ser besteira, mas para outras, não, e computadores são um bom exemplo disso. Geralmente, os computadores de marcas anônimas ou com má fama são tão bons quanto a sorte de quem os compra. Evite comprar computadores de fabricantes ou lojas desconhecidas.

Fabricantes de computadores bons que já usei e não me trouxeram problemas incluem ASUS, Acer e DELL.

Tive problemas recentemente com um notebook da Lenovo: ele apresentou defeitos antes do fim da garantia e o atendimento prestado foi péssimo, o processo de devolução do notebook e restituição do valor está andando no PROCON.

Lojas conhecidas incluem (mas não se limitam a) Americanas, Casas Bahia, Extra, Magazine Luiza e Ricardo Eletro.

Antes de fechar negócio, pesquise as opiniões de outros consumidores sobre a fabricante e a vendedora do computador. Para isso, existem sites como o Reclame Aqui.

Garantias

Antes de comprar o computador, verifique as garantias oferecidas pela fabricante e pela loja. Produtos de qualidade, fabricados e vendidos por empresas sérias, apresentam garantia maior. Desconfie de produtos com pouca ou nenhuma garantia.

Poucas pessoas sabem que podem desistir de compras feitas pela Internet no prazo de 7 dias contados a partir da data de recebimento do produto. Nesse caso, o produto é devolvido e a restituição do valor, feita imediatamente. Isso está previsto no Art. 49 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Saiba também que, além da garantia contratual, a mais conhecida, dada pela loja (geralmente, 1 ano) e contada a partir da data de emissão da nota fiscal, existe a garantia legal: ela é somada à garantia contratual e no caso dos computadores, que são produtos duráveis, é de 90 dias. Essas garantias são regulamentadas pelos Art. 26 e 50 do CDC.

Essa informação pode ser muito útil se o computador que você comprar vier a dar problema com 1 ano e 1 mês, como muitas pessoas reclamam que acontece. Se a loja anunciou que a garantia do computador é de 1 ano, essa é a garantia contratual. Some à garantia legal de 90 dias e terá uma garantia total de 1 ano e 3 meses.

Caso tenha algum problema com o computador adquirido, procure inicialmente a loja ou o serviço autorizado. Guarde consigo o máximo de informações que conseguir, para o caso de vir a precisar: nota fiscal, documentação, contatos, e-mails, ligações, protocolos de atendimento, etc. Caso seu problema não seja resolvido, procure o órgão de Proteção ao Consumidor (PROCON) mais próximo e relate o ocorrido. O órgão saberá o que fazer.

8. Pronto ou montado? Novo ou usado?

Se os computadores novos não cabem no seu bolso ou as ofertas não lhe parecem atraentes, duas alternativas às vitrines são: montar um computador ou comprar um usado.

Você pode escolher os componentes que deseja e montar seu próprio computador. Dessa forma, é possível que uma configuração melhor saia por um preço mais em conta. Além disso, você pode personalizar seu computador como quiser. Dê preferência a comprar componentes de fabricantes conhecidos e verifique se eles são compatíveis entre si. Caso não disponha de conhecimento técnico suficiente, procure um profisional competente para auxiliá-lo com a escolha das peças e na montagem do computador.

Há quem prefira montar seu próprio computador personalizado!

Há quem prefira montar seu próprio computador personalizado!

Você pode achar computadores usados a venda em sites como Mercado Livre ou OLX. Antes de comprar um computador usado, verifique a reputação do vendedor para não ser vítima de fraude.

Por hora é isso, pessoal. Se lembrar de mais alguma coisa, acrescento e aviso. Não deixem de comentar! Boas compras!

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